Semana Literária - Capitães de Areia
- Por Kemilly Andrade
- 27 de jul. de 2016
- 5 min de leitura
"Por vezes morria um de moléstia que ninguém sabia tratar. Quando calhava vir o padre José Pedro, ou a mãe-de-santo Don'Aninha ou também o Querido-de-Deus, o doente tinha algum remédio. Nunca, porém, era como um menino que tem sua casa. O Sem-Pernas ficava pensando. E achava que a alegria daquela liberdade era pouca para a desgraça daquela vida." (Pág. 44)
Título: Capitães de Areia
Editora: Companhia de Bolso
Autor (a): Jorge Amado
www.jorgeamado.org.br
Páginas: 280
Ano: 1937
Onde você pode comprar: Americanas|Saraiva|Cultura
Jorge amado, é o autor do livro Capitães de Areia, e também dos livros: Gabriela Cravo e Canela (1958), Dona flor e seus dois maridos (1966), dentre outros. Ateu e comunista, Jorge Amado lançou o livro no século 30, a primeira edição foi apreendida, e 808 de seus exemplares, queimados em praça pública na capital baiana, Salvador. Em meio a Era Vargas, Capitães de Areia retratava de maneira direta as diferenças nas classes sociais, e principalmente, a criminalidade infantil. A obra possui um caráter de denúncia.
O autor em primeiro lugar, destaca a falta de estrutura para abrigar as crianças de rua, e logo em seguida denúncia o reformatório por maus tratos.
"É pra falar no tal do reformatório que eu escrevo estas mal traçadas linhas. Eu queria que seu jornal mandasse uma pessoa ver o tal do reformatório para ver como são tratados os filhos dos pobres que têm a desgraça de cair nas mãos daqueles guardas sem alma." (Pág. 06)
A critica ao abandono de menores é presente. No livro, a apresentação da visão elitista, como de costume, é retratada de maneira preconceituosa, em contraponto, o autor faz com que o leitor tenha uma visão diferente sobre os Capitães de Areia. Ao ler o livro, conseguimos entender os Capitães de Areia, pois temos uma visão de "heróis da sobrevivência". O que faz romper diretamente com o determinismo social.
E cada personagem, o nosso ilustre Jorge Amado, fez questão de adotar uma característica da sociedade do século 30.
Pedro Bala: Era um jovem loiro de 15 anos, que tinha um corte no rosto. Era o chefe dos Capitães da Areia, esperto, ágil, e sabia respeitar a todos. Saiu do grupo para comandar e organizar os Índios Maloqueiros em Aracaju, desejando com líder do grupo Barandão. Depois disso ficou muito conhecido por organizar várias greves, como perigoso inimigo da ordem estabelecida.
Gato: Era o mais bonito e mais elegante da turma. Tinha em caso com Dalva, mulher das noites, que lhe dava dinheiro, por isso, muitas vezes, não dormia no trapiche. Participava dos planos mais arriscados e era muito malandro e esperto. Tempos depois foi embora para Ilhéus tentar a sorte.
Professor: Era um garoto inteligente, magro, e o único que sabia ler do grupo. O professor era quem planejava os roubos dos Capitães da Areia. Depois de muito tempo aceitou um convite e foi pintar no Rio de Janeiro.
Volta-Seca: Imitador de pássaros e afilhado de Lampião.
João Grande: O mais alto, negro, e o mais forte do bando. Após a morte de seu pai, João Grande não voltou mais ao morro onde morava. Com nove anos entrou no Capitães da Areia. Cedo, se fez um dos chefes do grupo e nunca deixou de ser convidado para as reuniões que os maiorais faziam para organizar os furtos. Ele não era chamado para as reuniões porque ele era inteligente e sabia planejar os furtos, mas porque ele era temido, devido a sua força muscular. Ele era uma pessoa boa e forte, por isso, quando chegavam pequeninos cheios de receio para o grupo, ele era escolhido o protetor deles. João Grande aprendeu capoeira com o Querido-de-Deus junto com Pedro Bala e Gato. João Grande tinha um grande pé, fumava e bebia cachaça. Não sabia ler. O professor achava João Grande um negro macho de verdade. Era chamado de Grande pelo professor, admirava o professor.
Sem Pernas: Coxo de uma perna, agressivo, individualista. Era quem penetrava nas casas de família fingindo ser um pobre menino, com o objetivo de descobrir os lugares da casa, onde ficavam os objetos de valor, depois fugia e os Capitães da Areia assaltavam a casa. Seu destino foi suicidar-se atirando-se do parapeito do elevador Lacerda, pelo ódio que nutria pela polícia baiana.
Dora: Tinha treze para quatorze anos, era a única mulher do grupo. Era uma menina muito dócil e bonita. Conquistou facilmente o grupo com seus cabelos lisos. Seus pais haviam morrido de alastrine e ela ficou sozinha no mundo com seu irmão pequeno. Aí ela encontrou João Grande e professor que a chamaram para morar no Trapiche, e logo foi considerada por todos como uma mãe, irmã e para Bala uma noiva. Morreu queimando de febre, apos concretizar seu casamento com Bala.
Pirulito: Era magro e muito alto, olhos fundos, boca rasgada e pouco risonha. Era o único do grupo que tinha vocação religiosa apesar de pertencer ao Capitães da Areia. Quando parou de roubar, para sobreviver vendia jornais, seu destino foi ajudar o padre José Pedro numa paróquia distante.
Boa Vida: Era mulato troncudo, o mais malandro do grupo. Muito preguiçoso, era o único que não participava das atividades de roubo do grupo. como forma de apoio ao grupo, as vezes, roubava um relógio ou uma joia qualquer. Era um boa-vida, gostava de violão e ficar contemplando o mar e os barcos. Seu destino foi virar um verdadeiro malandro, que vivia a correr pelos morros compondo sambas.
Querido-de-Deus: Pescador, juntamente com João- de- Adão tinham a confiança dos meninos, que, por sua vez, não mediam esforços para recompensar esse apoio.
Características - Movimento Literário!!
No contexto da Segunda Geração do Modernismo brasileiro, sendo classificado, no gênero neorrealista regionalista;
Sua prosa apresenta uma mistura de influências do Romantismo e do Realismo, movimentos tradicionalmente vistos como contrastantes;
A análise das estruturas sociais está sempre presente nas suas obras;
Apresentação das personagens por meio da descrição de suas características físicas e psicológicas;
Capítulos de variadas extensões, ora longos, ora curtos;
Verossimilhanças;
Ao invés de uma estrutura convencional em que há uma rigorosa organização dos fatos e relações causais entre os eventos narrados, Capitães de Areia não possui um enredo bem estabelecido.
Claramente, a obra reflete os princípios ideológicos de esquerda, pois, como dito anteriormente, na época em que escreveu, o autor pertencia aos quadros do Partido Comunista
A vingança desses jovens excluídos pela sociedade, não são apenas os negros, outrora escravos que se levantarão contra essa sociedade burguesa da época, mas também, os pobres, brancos e mestiços.
Segundo seus críticos, o problema da obra de Jorge Amado, foi o de aceitar sem profundidade o universo psicológico de suas personagens. É nesse sentido que muitos classificam sua obra parte de um populismo literário, inclusive seus romances de ênfase política e social, como é o caso de Capitães da Areia.
Espero que tenham gostado!
Para saber mais sobre o livro Capitães de Areia, é só clicar nas imagens, o filme e o link para a leitura do livro em PDF estarão abaixo, respectivamente!
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